c- 2020

Cinza e Bronze Azul e Rosa / Quadros sonoros 2020, Cecilia Battaglia
(Em busca de uma sinestesia auditiva e colorida).
Instrumentos: Piano, áudio de vento na varanda de casa e chapa de bronze 1mm. Elaborados desenvolvidos com Audacity e Soundplant. Escrito no Finale, editado no SONAR com as entradas do Sounplant.
B (chapa de bronze): Equalizador / Compressor / Redução de ruido;
V (vento): áudio sobreposto/ Redução de ruido;
R (ruido branco).

A estrutura da peça tem três partes que conversam entre si. Cada uma com um tema. As intervenções do som do vento, o ruido, e do barulho do metal entram programados no Soundplant com uma margem aleatória. Ou seja, cada intérprete vai sentir o momento certo para acionar a tecla. O título tem a ver com dois conceitos: algo concreto, o metal bronze foi um material utilizado, o cinza que tem a ver com um pensamento relacionado ao significado da própria cor: Cimento, cidades isoladas, vazias, sem pessoas. Busca remeter ao 2020 que foi para muitos um ano triste, isolado, frio, solitário, sem graça, neutro. O azul traz tranquilidade, confiança, lealdade, sabedoria, inteligência, fé, verdade que beneficia o corpo e a mente. É o céu e o mar. O rosa, sentimento, amorosidade, solidariedade, espiritualidade.


A sinestesia é um fenômeno de contaminação dos sentidos em que um único estímulo ─ visual, auditivo, olfativo ou tátil ─ pode desencadear a percepção de dois eventos sensoriais diferentes e simultâneos (Barberi, 2012 apud OROZCO, 2015) A cor é uma vibração muito mais rápida que o som, porém emite um som.

“O bater de um tambor é antes de mais nada um pulso rítmico. Ele emite frequências que percebemos como recortes de tempo, onde inscreve suas recorrências e suas variações. Mas se as frequências rítmicas forem tocadas por um instrumento capaz de acelerá-las muito, a partir de dez ciclos por segundo, elas vão mudando de caráter e passam a um estado de granulação veloz, que salta de repente para outro patamar, o de altura melódica”. (Wisnik, 1989, p. 20)

Segundo Lavignac (1948) em seu livro La música y los músicos, ele afirma: “Todos os fenômenos da natureza são produzidos pela vibração. O som, portanto, é um fenômeno vibratório, tal como a luz, calor, etc.” Segundo dados atuais (Macedo, 2009) enquanto que as ondas sonoras perceptíveis pelo ouvido humano variam entre 20 c/s (ciclos por segundo) a 20.000 (ou 20Hz a 20KHz/ hertz e kilohertz), as ondas visíveis vibram mais rapidamente, as que são perceptíveis pela visão humana variam aproximadamente entre 430.000.000.000.000 a 750.000.000.000.000 c/s (ou 430 THZ a 750 THZ/ terahertz).

Outras diferenças entre as ondas sonoras e as visíveis, é que a primeira precisa de um meio material para se propagar, enquanto que a segunda, pode se propagar no vazio, ou como alguns dizem: no vácuo. Segundo Bastos, et al (2006), cor é uma realidade sensorial que atua sobre a emotividade humana e é capaz de mexer tanto com nosso caráter fisiológico, como psicológico. Atua em nossa vida de diversas maneiras, podendo nos transmitir tanto a sensação de alegria como de tristeza, de exaltação como depressão, de atividade ou passividade, calor ou frio, equilíbrio ou desequilíbrio, ordem ou desordem. Em termos de simbolismo consciente/ associação, por exemplo, quase sempre um vestido de noiva é branco, o que dá a ideia de pureza; o preto lembra a noite, o que dá um aspecto negativo; a cinza lembra manchas imprecisas, dando um aspecto de tristeza, coisas amorfas;