Lic. Cecilia Battaglia
“Percussion music is revolution…” – John Cage
Tambores bem acompanhando a humanidade desde a pré-história, e dependendo da batida, podem nos remeter a introspecção ou a extroversão e ao contato com a nossa energia vital, que está representada na pulsação. A pulsação é parte essencial tanto para os seres como para a música. Ritmos emocionam e despertam sensações diferentes em cada um. Desde sempre os instrumentos de percussão fizeram polirritmias, porém, tocados separados, individual e/ou conjuntamente.
A escrita na partitura para os instrumentos de percussão é algo relativamente recente pois acompanha a “invenção” da percussão múltipla na música erudita e da bateria na música popular.
A bateria data do final do século XIX. “A bateria teve sua origem nas bandas de rua em New Orleans no final do século XIX e a função dos percussionistas nesse tipo de formação era claramente a de marcação rítmica”. (TRALDI e FERREIRA, 2015, p.171). A formação mais comum nesse período era com três percussionistas, bumbo, caixa e pratos de choque. Ou seja, cada músico tocava separadamente um desses instrumentos. Nessa época a popularidade das bandas e os contratos frequentes para tocar ao vivo tornou complicado e caro contratar tantos percussionistas.
Também a percussão múltipla na música erudita tem data recente. É do início do século XX no cenário pós 1ª guerra mundial. “A primeira utilização de percussão múltipla conhecida é a obra de 1918 A História do Soldado de Igor Stravinsky.” (TRALDI e FERREIRA, 2015, P.167).
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Assim, a bateria para poder ser interpretada passou a ter um espaço individual na pauta de somente um pentagrama. No transcurso da história se foram encontrando formas de representar cada timbre neste espaço muito pequeno. Se inventaram notações diversas que complicaram ainda mais a compreensão da escrita e a posterior leitura do músico. “Este fato só contribuía para aumentar a confusão e, com isso, a dificuldade de se apreender e praticar sua leitura” ALMADA, Carlos, 2000.
complexidade da escrita da bateria na partitura e sua evolução.
A bateria é um instrumento relativamente novo que bem desenvolvendo sua forma de ser melhor representada na pauta desde que foi criada. Ainda é muito complicado para o arranjador representar na pauta os toques pretendidos na hora de escrever as partes da bateria para os arranjos. Hoje já se conseguiu simplificar sua escrita utilizando padrões rítmicos com a indicação de repetir eles por certa quantidade de compassos, que Almada, no seu livro Arranjo chama de “descobertas” lógicas, que trouxeram a simplificação buscada porém, mesmo assim continua sendo complicado escrever para ela. Talvez se se utilizassem dois sistemas da pauta facilitaria a leitura já que é preciso executar ritmos com as mãos e os pés.
Seguindo a evolução da escrita para este instrumento primeiro foi o de estudar e tocar por meio de métodos e partituras para que o compositor ou arranjador não ter que solfejar ao percussionista ou deixar tudo por conta dele. Assim, tem que considerar a “levada” para o instrumentista ficar atento aos “temperos” que possam acontecer durante a música, e o arranjador escrever os dois ou quatro compassos iniciais (levada básica), e passar no momento as outras variações possíveis.
Penso que o ideal seria ter uma boa comunicação com o percussionista na hora de gravar, para não ter que escrever todas as especificações necessárias pois, “…mais do que qualquer outro, é entre seus instrumentistas que encontramos o maior número de músicos, como se costuma dizer “de ouvido””. ALMADA, Carlos, 2000.
REFERENCIAS
ALMADA, Carlos. Arranjo. Campinas: Editora Unicamp, 2000.
CAMPOS, da Silveira Cleber. Percussão Múltipla Mediada por Processos Tecnológicos. Campinas: Unicamp – Universidade Estadual de Campinas, 2008.
TRALDI, Cesar Adriano; FERREIRA, de Souza Thiago. O instrumento Bateria. DAPesquisa, v.10, n.14, p163-172, novembro 2015.
https://lp.clear.com.br/cadastro-amigos-em-acao?aea=0031G00000vnKSqQAM