A importância do folclore no desenvolvimento da identidade local.

Não é mudando o seu caráter, a sua forma, a sua instrumentação, que iremos fazer e dinamizar o folclore.

 

Prof.ª Cecília Battaglia

Uma preocupação principal do folclore hoje, se relaciona com aqueles “políticos folclóricos” que muitas vezes desvirtuam as coisas dando um sentido pejorativo de cômico e de engraçado ao folclore e as pessoas diferentes ao contexto social. Quando se fala em “folclórico” ou em “figuras folclóricas”, se está subestimando um conhecimento milenar e oculto que vem desde sempre acompanhando a humanidade. Segundo Stewart (1987. p.47): Na música folclórica, tanto de oriente como de ocidente…é armazenada e recriada a consciência grupal de uma comunidade. Essa consciência vai despontando com nítida coloração racial e regional, embora a música oral de todo o mundo possua algumas características comuns.

 

A política por que não, assim como o folclore é uma arte, por tanto tem alma. Nasceu de ideais claras e bem intencionadas para organizar e cuidar da sociedade como um todo. Em sua nobreza ela pode realizar grandes coisas, preservando sobretudo o cuidado de um grupo.

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Hoje, com a velocidade das descobertas e dos avanços tecnológicos, as coisas se confundiram dando lugar muitas vezes, à uma ignorância e ao deboche em relação às tradições culturais.

Em matéria de cultura, o folclore é o que mais se aproxima da ordem natural das coisas dos homens. Na sua aparente simpleza, nos pode levar a lugares verdadeiros, próprios e por tanto essenciais que nos religam a nossa identidade. Por isto, seria preciso ter uma política mais comprometida de apoio e incentivo às tradições folclóricas. Tanto o governo federal como o municipal, (e especialmente o municipal, já que é ele que está mais perto das manifestações artísticas locais) deveria atender às reais necessidades que esta arte passa hoje.

O folclore possui uma dinâmica, um mecanismo de atualização no tempo e no espaço, pois senão fosse assim se perderia com o tempo. Na realidade para que seja preservado cabe à própria sociedade compreender isto. Muitas tradições folclóricas têm desaparecido porque a sociedade ou a comunidade local entendeu que já não era mais necessário aquele costume. O dinâmico do folclore se vê nas transformações que o próprio homem faz em paralelo com as descobertas materiais e sociais. Quando é inventado um estilo folclórico determinado, este vai vivendo a adaptação até chegar a formatar-se como gênero. Nada é folclórico pelo só fato de existir, considera-se a um fato como folclórico quando conta com três aspectos essenciais: a) Ser anônimo; b) Popular (nascido de acontecimento popular), c) Ser tradicional, ou seja, ter cumprido todo um ciclo de adaptação e aceitação na consciência cultural desse povo.

A preservação do folclore é a preservação da identidade de um povo é uma coisa muito ampla e séria. “Se não se respeita o folclore, não se respeita à tradição do povo, que traz em si a essência da história local que são os bens da cultura”. FRANÇA, 2005.[1] São os rituais do folclore os que devem ser preservados dentro de um contexto tradicional, sendo os seus objetivos uma conjunção de valores familiares e culturais referentes a uma comunidade e não somente em função a uma exibição artística.

A arte do folclore deviera ser concebida como uma expressão em constante transformação. Representando a tradição característica de qualquer e toda cultura.

Não é mudando o seu caráter, a sua forma, a sua instrumentação, que iremos fazer e dinamizar o folclore. As influências externas e a falta de conhecimento para filtrar as mesmas, é uma das causas que complicam a preservação do folclore no mundo. O problema da perca de identidade atinge ao mundo todo quando se fala em interesses pessoais, empresariais e monetários. No Brasil, o problema é que há uma tentativa de se plastificar e descolorir a nação brasileira, onde a mídia incentiva uma identidade de massa e o não reconhecimento social da diferencia, onde as pessoas devem pensar da mesma forma que um grupo determine. “…, a experiência popular está sujeita a intervenção de uma economia de consumo baseada na comunicação de massas”. (TICIANELI, 2004, p.2)·.

Hoje se busca fazer da música um produto fácil de ouvir, sem muitas variedades, cômodo, conformista e sem identidade. O Folclore, assim como a vida, se adapta às circunstancias, pois ele representa ao cotidiano em constante transformação, só que isto está sendo mal interpretado por vários profissionais, artistas e professores que fazem das danças, da musica e dos folguedos em geral uma moda, infringindo o limite da tradição.

Precisamos estar atentos para que esses grupos que fazem do ritual do ato folclórico um médio de exibição pessoal, não desvirtue a verdadeira origem destas manifestações colocando em oposição o ritual tradicional que reúne, com sabedoria popular, a conjunção de valores familiares e culturais referentes a uma comunidade. Grande parte da tradição do povo se vem perdendo pelo desconhecimento e sabemos que a influência dos médios de comunicação e da propaganda, aproveitando esta ignorância cultural, facilitam para o conforto auditivo promovendo um tipo de musica moldada em estereótipos permitidos pela sociedade, que não promovem o desenvolvimento da inteligência musical.

[1] Seminário de Folclore, SESC /AL, 2005. Professor Renilson França, na época Presidente da Associação Folclorista de Alagoas.
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Edberto Ticianeli, Secretário Executivo de Cultura de Alagoas em 2004.


REFERÊNCIAS

STEWART, R.J. Musica e Psique: As formas musicais e os estados alterados de consciência. São Paulo: Cultrix, 1987.

FOLCLORE ALAGOANO. Maceió: Conselho Estadual de Comunicação, N° 08 – Set/Out 2004.

 

Autor: Cecilia Battaglia

Cecilia Battaglia, cursando Mestrado em Arte Educação (IHAC/UFBA), e em Composición Músical y Nuevas Tecnologías (UNIR/ España), Licenciada em Musica, e Técnica em Musica/Piano, Especializada em Psicopedagogia e Arranjo Musical. Formada em Educação Musical e Bacharelado em Canto tem cursos de Composição Musical e Produção Musical (Berklee/EEUU), Monitor de Yoga e Eco-saúde (España), Metodologia Dalcroze e Willems, Técnica Alexander, Eutonia, Fisiologia da voz, Percepção Musical com M. del Carmen Aguilar (Bs.As./Argentina), e outros relacionados à pesquisa e prática músical, Terapias Alternativas e Neurociência (Argentina e Brasil). Cecilia Battaglia, studying a Master's Degree in Artistic Education (IHAC/UFBA), and in Musical Composition and New Technologies (UNIR/ Spain), Bachelor of Music, and Musical/Piano Technique, Specialized in Psychopedagogy and Musical Arrangements. With a degree in Music Education and a Degree in Singing, she has courses in Musical Composition and Musical Production (Berklee/USA), Yoga and Eco-Health Monitor (Spain), Dalcroze and Willems Methodology, Alexander Technique, Eutony, Physiology of the Voice, Musical Perception with M. del Carmen Aguilar (Bs.As./Argentina), and others related to musical research and practice, Alternative Therapies and Neurosciences (Argentina and Brazil). Cecilia Battaglia, cursando Maestría en Educación Artística (IHAC/UFBA), y en Composición Musical y Nuevas Tecnologías (UNIR/ España), Licenciada en Música, y Técnica Musical/Pianística, Especializada en Psicopedagogía y Arreglos Musicales. Licenciada en Educación Musical y Licenciada en Canto, cuenta con cursos de Composición Musical y Producción Musical (Berklee/EEUU), Monitor de Yoga y Eco-Salud (España), Metodología Dalcroze y Willems, Técnica Alexander, Eutonía, Fisiología de la Voz, Percepción Musical con M. del Carmen Aguilar (Bs.As./Argentina), y otros relacionados con la investigación y práctica musical, Terapias Alternativas y Neurociencias (Argentina y Brasil).

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